ARTIGO PUBLICADO NA TRIBUNA IMPRESSA - O CINE CORAL E O VEREADOR NASCIMENTO

O movimento para a compra e reforma do Cine Coral teve êxito no seguinte aspecto: tivemos a adesão de toda a sociedade ao nosso propósito.

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Por Marcos Valério Murad*
Livreiro e Dr. Em Letras pela Unesp

O movimento para a compra e reforma do Cine Coral teve êxito no seguinte aspecto: tivemos a adesão de toda a sociedade ao nosso propósito. E o vereador Nascimento, um grande pelejador, homem sensível às artes, conseguiu uma liminar do Poder Judiciário, impedindo a demolição do cinema.
Ficamos entusiasmados, pensando que, a partir daquele momento, o prefeito municipal, por causa do esmagador assentimento de toda a espécie de gente ao nosso intento, cederia ao anseio de parte significativa do povo araraquarense — composta de pessoas inteligentes — e compraria o prédio do Cine Coral. Mas o prefeito desprezou absolutamente o nosso clamor.
Contudo, o que nos deixou atônitos, aterrados, foi saber o seguinte: a prefeitura — escandalizem-se também os nossos leitores — desapropriou dois clubes em Araraquara, que são o Palmeirinha e o Estrela. Por que fez isso, a quem beneficiou, a que chamado do povo atendeu? Não houve apelo público nenhum para que se desapropriassem tais imóveis. O que há de belo, de útil, de educativo nesses clubes? Por Deus, a quem interessaria uma bobagem assim tão grande?
Conclamamos, portanto, o povo de Araraquara para que atente na eleição do próximo prefeito. Nós, pessoas afeiçoadas às artes, temos de eleger um prefeito que comungue de nossos ideais. E ele fará, por ter bom gosto, uma administração mais honesta, mais limpa e, sobretudo, mais democrática. Jamais, por exemplo, desapropriaria os clubes Palmeirinha e Estrela sem dar explicações a ninguém.
Eu, por exemplo, nunca votei no PT. E continuo não gostando das improbidades cometidas por Antonio Palocci, José Dirceu, Genoíno, Gushiken e outros. Mas há em Araraquara um político em quem eu votaria, que estranhamente faz parte do PT. Um homem gentil, de grande estatura física e moral, que nunca enriqueceu com a política. Foi o único político araraquarense que nos procurou para fazer parte do movimento de recuperação do Cine Coral. Travou uma bela luta, embora fosse derrotado, tanto pela prefeitura, que o acusa de estar a serviço da oposição, quanto pelo seu próprio partido: não lhe deu o menor apoio e o acusa, absurdamente, de estar favorecendo o prefeito. Quer dizer, ele paga o preço de ser independente, de não se curvar servilmente nem aos poderosos da prefeitura, nem aos de seu próprio partido. Só por possuir tais qualidades — até quixotescas —, por esta batalha renhida contra a mediocridade invencível de nossos políticos, elegemos o vereador Nascimento o nosso candidato dileto a prefeito, na próxima eleição municipal.
Vejamos rapidamente algumas de suas idéias para a cultura: restaurar a cobertura do Teatro Municipal, dotando-a de um belíssimo bar e lanchonete. A iniciativa privada arcaria com os gastos da reforma e poderia, em troca, sem qualquer despesa, explorar o empreendimento por vinte e cinco anos. Outra proposta: criação de uma orquestra municipal composta por jovens suburbanos. Dar ao Palacete das Rosas um restaurante e bar, onde fosse possível realizar concursos de poesia, palestras, revigorando a vida noturna da cidade. Promover recitais de piano clássico, aproveitando efetivamente os dois pianos de cauda, que estão mofando no Teatro Municipal. Construir, nesse mesmo teatro, junto ao palco, um fosso para orquestra, a fim de que possamos promover récitas de óperas. Ajudar o pessoal da Unesp a dar um fim mais digno a Chácara Safiotti, criando ali, que é um espaço público, um café filosófico, construído no jardim, local onde se promoveriam encontros entre pessoas de toda a espécie, para discutir filosofia, literatura e outras coisas, cabendo à iniciativa privada a construção e a gerência do recinto. O candidato ainda se propõe a comprar o Cine Coral, fazendo ali, além de sala de exibição de filmes, uma escola técnica de cinema e vídeo.
São medidas simples e baratíssimas, que darão a Araraquara uma feição mais cosmopolita e civilizada.