segunda-feira, 9 de novembro de 2009

HOMENAGEM A SANTO DIAS


No último dia 30 de outubro completou trinta anos da morte do líder sindical e comunitário Santo Dias, eram tempos duros de criminalização dos movimentos sociais organizados, de perseguição, prisão e morte de lideranças e militantes.
Santo Dias da Silva nasceu em 22 de fevereiro de 1942, na fazenda Paraíso, município de Terra Roxa, no Estado de São Paulo. Católico, desde a adolescência participava das atividades religiosas em sua terra natal. A movimentação social da década de 1960 influenciou sua atitude e de muitos outros trabalhadores rurais. Entre 60 e 61, junto com outros empregados da Fazenda Guanabara, participou de um movimento por melhores condições de trabalho e salário. Por isso, sua família foi expulsa da colônia em que morava, e teve de morar na cidade, numa casa alugada
Em 1965, já em São Paulo e trabalhando como operário metalúrgico, conhecedor da intervenção militar no sindicato de sua categoria, iniciou sua atuação no grupo que formava a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo.
A atuação de Santo Dias não se ateve ao movimento operário, uma característica importante das novas lideranças surgidas na Capital, durante a ditadura militar. Como católico praticante, era membro ativo das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e dos movimentos de bairro que surgiram da ação desses grupos: lutas por transportes, escolas, melhorias nas vilas de trabalhadores. Participou das coordenações do Movimento do Custo de Vida, entre 1973 e 78, ao lado de sua mulher, Ana Maria do Carmo, liderança feminina expressiva entre os clubes de mães.
O ano de 1979, ano de sua morte, foi um ano agitado. Em outubro, os metalúrgicos começam nova campanha salarial. Desta vez, a reivindicação era 83% de aumento dos salários, não aceita pelos patrões. Uma assembléia com seis mil trabalhadores na Rua do Carmo decidiu, numa sexta-feira, iniciar a greve. No dia 30, Santo Dias, como parte do comando de greve, saiu da Capela do Socorro, Zona Sul de São Paulo, para engrossar um piquete na frente da fábrica Sylvânia e discutir com os operários que entravam no turno das 14h00.
Viaturas da PM chegam e Santo Dias tenta dialogar com os policiais para libertar companheiros presos. A polícia agiu com brutalidade e o PM Herculano Leonel atirou em Santo Dias pelas costas. Ele foi levado pelos policiais para o Pronto Socorro de Santo Amaro, mas já estava morto. O corpo de Santo Dias só não “desapareceu” por conta da coragem de Ana Maria, sua esposa. Ela entrou no carro que transportava seu corpo para o Instituto Médico Legal, apesar de abalada emocionalmente e pressionada pelos policiais a descer, não cedeu.
Divulgada a notícia de sua morte pelos vários meios de comunicação, seu corpo seguiu para o velório na Igreja da Consolação. No dia 31 de outubro, 30 mil pessoas saíram às ruas da Capital para acompanhar o enterro e protestar contra a morte do líder operário, pelo livre direito de associação sindical e de greve e contra a ditadura.
A homenagem que devemos prestar a Santo Dias é a tarefa de manter a luta pelas bandeiras defendidas por ele, e por tantos outros que tombaram na luta, de defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana, contra a criminalização dos movimentos sociais, contra a prisão e mortes de lideres e militantes dos movimentos sociais. Os tempos são outros lá se vão 30 anos, porém a ofensiva contra o movimento social organizado, lideranças e militantes estão ainda na ordem do dia dos inimigos do povo.
VIVA SANTO DIAS.
VIVA OS LUTADORES E LUTADORAS DO POVO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário